terça-feira, dezembro 21, 2004

Parada Estratégica


Já pensei um dia em ser escritor. Mas tirei cedo da cabeça, só conseguia escrever bem se estivesse triste, sofrendo mesmo, ou então vivendo constantemente num certo estado de nostalgia melancólica que era minha especialidade lá nos meus vinte anos. Quanta tristeza!! Fazia poemas bonitos, lacrimejava, me apaixonava pela própria paixão, sofria pra burro. E como burro não era, concluí logo o óbvio: melhor viver alegre sem escrever que ser um poeta triste.

E lá foi Rilson, ser engenheiro na vida. Um poema aqui, outro ali, como arma secreta ou válvula de escape, e a vida, uma sucessão de planos e cronogramas estratégicos, de quotas e planilhas, e há sempre um trimestre a terminar, um avião a pegar, e sempre um novo porto, uma nova cama, uma nova mulher ou a solidão e a tv mas nenhum lugar realmente prá voltar, e se vai ficando e se vai vivendo, a vida é boa, mas nada que te encante a escrever.

Conhecer Riberta me colocou de novo a caneta na mão e me trouxe uma nova perspectiva. Escrever por paixão. Por tesão. Por declaração. Pra conquistar. Pra desabafar. Pra me mostrar. Por não conseguir ficar quieto, poemas e orações aos borbotões. E um pé forte e concreto no futuro, uma vontade de voltar sempre, construir algo, preservar, ir em frente. Idéiafix. Mas, corolário de toda paixão, e já falei disto levemente antes, tem agora ultimamente vindo o medo e a frustração, o desabafo, um descontentamento, um sofrimento. A paixão que se transforma, porque a vida continua sendo real. E olhando pra trás posso dizer que Trajana tem sido o relato fiel mas filtrado de uma paixão. Vocês tem lido o bom, o gostoso, o tesão. Mas tem também os diários secretos de Trajana, aqueles queu nunca escrevi. Agora eles estão vindo, por isto ando calado, não sei por quanto tempo. Não quero de novo escrever sobre tristezas, mas ando bem vivendo o reverso da moeda.

terça-feira, novembro 30, 2004

Explicação Desnecessária


Não pense que te cobrei não
Queria apenas ouvir de você que estava tudo bem
Queu sou legal
Que você me acha bonito
Que você gosta de mim
Que você me quer de algum modo

As vezes preciso de ouvir
Pra saber onde ir
Observar o tempo demora
Eu quero que passe no jornal
Saber que a fonte é confiável

Então é isto
As coisas boas são mesmo difíceis de encontrar
Eu também sou difícil de lidar
(você não tem nem idéia dos meus labirintos)
E a chama quando é forte se consome rápido
Abra o bico feche o bico mas não economize o gás
Pense em mim queu penso em ti
Preserve o que dizemos um pro outro
Salve o seu mundo queu salvo o meu
Mas tenhamos um só nosso

Cuidado, mas não muito
Que pagamos a conta juntos

E depois
Tudo é historinha
Sei lá que que vai dar
Pode nem dar

Mas a erupção taí, a lava se espalhou?
Tem que alimentar a chama
Deixar queimar
Chamas leves chamas soltas risos frouxos
Vamos avisar a população sobre o perigo
Queu quero é morrer de tesão junto contigo

A fórmula da equação quem tem?
As esquinas que se cruzem
O tempo que traga
As pessoas que sejam
Se ame quem quiser, se encontre quem puder
Se eu puder rir se eu quiser ficar se eu puder te amar
É só isto de tudo o que me importa agora

quarta-feira, novembro 17, 2004

Dúvida ainda


Bonitinha
As vezes eu fico na dúvida se consegui te tocar
Te sinto as vezes tão longe
E as vezes tão solta
Que acho que você não volta
Que acho que você não quer

Quero te prender não
Eu mesmo sou bicho solto
Nem quero que você dê linha
Mas pode ir, se quiser
Se não quiser fique
Só não me deixe em dúvida
Que aí vou tocar meu baião noutro lugar.

(Só sei que quero muito ainda deste teu beijar)

domingo, novembro 07, 2004

Acordar sem você do lado


Num sábado em que você poderia estar
Me deixa bolado
Fico de bobeira
Perdido pela casa
Meu café é sem graça
E não leio, não toco, não ouço, não cago
Não faço nada direito
Nem sei onde ir
E não acho o rumo
E fumo

Mas com você é perfeito
É dito e é feito
Já acordo rindo, tinindo
Te pego e te cubro de beijos
Teus cheiros, cabelos, desejos
Uma alegria infinda
Você é tudo o queu amo, linda,
Deitar no teu colo
É meu vôo solo
E meu café, cafuné

quarta-feira, outubro 27, 2004

Ausência


E agora chove
E neste transparente
Eu sempre te vi nua
(mesmo quando secas
Tuas bocas e o vestido)

Há tanto não te beijo
Que não vejo
O sentido que conquistas sem querer
E não sabes nunca
(ou não te lembras)
Da vontade louca que tenho de você

terça-feira, outubro 19, 2004

Pois é...


Toda paixão quer amar
Sair prá passear
Dar beijos na boca
Andar de mão dadas
Brincar

Toda paixão quer durar
Permanecer única
Unida
Jamais ser vencida
Por cansaço, inchaço
Ou dispersão

Toda paixão
Quer o olhar apaixonado
Saber do amor ao seu lado
Trocar carinhos
E te encara de frente
O sorriso escancarado

Toda paixão
Reclama companhia
Cobra harmonia
Exerce seu tesão
Entrega tudo o que tem
E dorme de pés dados

Toda paixão tem um compasso
Toda paixão sente cansaço
Mas precisa de comida
Pra ficar o amor.

terça-feira, setembro 28, 2004

O seu amor ame-o e deixe-o ser o que ele é


Quando não estou exercendo minha paixão ou escrevendo sobre ela e para ela e de quebra lendo e passeando e visitando e comentando em profusão é porque provavelmente estou às voltas com planilhas e quotas, enlouquecido com fechamentos, planejamentos estratégicos e business plans.

Enfurnado em algum canto deste mundo, ansiando por resultados cada vez mais escassos.

Mais um trimestre que se vai.

Já eu mesmo tenho andado bem distante. Germinando confusões dentro de mim. Tentando mensurar custos-benefícios, esperando retorno sobre investimentos feitos. Procurando o tão propalado win-win. Sonhos, desejos, de ser amado do jeito que eu amo. Receber de volta o que eu te dou. Já olhando por cima do horizonte, vendo além o que é que tem. De novo e sempre, quase do mesmo jeito, a mesma coisa de sempre. Mas eu já não tinha aprendido que cada pessoa é diferente e que são várias, devem e é bom que sejam várias, as muitas formas de amar?

quarta-feira, setembro 15, 2004

Estranhos Efeitos


As viagens que faço no teu corpo
Me levam a lugares nunca dantes explorados
Cometas circulantes
Sociedades decadentes
Romances abandonados
Paraísos selvagens
Orgias

Te tendo na minha cama
Eu creio na monogamia
Na realização das minhas fantasias
Na submissão da carne
Nas muitas facetas da morte
E na sorte

Te vendo na minha cama
Creio no amor e nas artes
No brownie nosso de cada dia
No fim da monotonia
E nos milhares de fins de tarde
Que passaremos juntos
Gozando uma eternidade

Nem sei como me transformei tanto
Se antes eu só gostava
Agora eu tenho tara
Teu visual me tornou
Neste animal sexual
Cuja vontade não pára

Mante-la apaixonada
Aprisionada
Abater a presa
Baixar minha guarda
A chama acesa entre as pernas
Beija-la

Entregar minhas armas
Toca-la
O jogo incerto dos pelos
Os dedos nas costas nos peitos
Na cara
Todo poder da Cabala

Que se prolongue a vontade
Os dias as horas
Que quero estar do seu lado
Nos paraísos selvagens
Nas sacanagens
Em todos estes lugares
Que quando me chega a hora
Quem sabe das minhas viagens?
Eu babo.

quarta-feira, setembro 08, 2004

Oração pra minha salvação


Minha morena dos queijos e vinhos tintos
Sacie os desejos que sinto

Minha garota de ipanema, de saquarema
E de arraial
(Mesmo que você um dia atravesse a rua)
Nunca me faça mal

Minha gatinha da calcinha azul
E dos cheiros insanos que vem do teu sul
Durma nua na minha cama
E diga sempre sempre que me ama

Minha gostosa do frescobol
E das andadas na praia nos dias de sol
Me faça feliz

Rainha do meu tesão
Senhora dos meus desejos
Procuradora da minha paixão
Dai-me contentamento e alegria
Prazer de viver
E mantenha minha fé
Não seja tão séria e mostre-me savoir faire
Queu te respeito e obedeço
Que contigo eu cresci

Promotora do meu prazer
Executora das minhas sentenças
Benfeitora dos terrenos outrora baldios de mim
Todos os poderes são seus

Minha princesa dos mil e um chocolates
Não me pergunte por quem meu coração bate
Porque ele bate por ti
Não se pergunte por quem mais o meu pau sobe
Porque ele sobe por ti
Nunca recuse o que meu corpo pede
Que ele pede por ti

E tantas palavras estranhas
Roqueforts gorgonzolas
Cabernets, Copenhagen
Improbidades Sucos Ades
Victorhugos, Hoogarten

E tudo isto desde o dia em que te vi
Amém.

quinta-feira, setembro 02, 2004

Primeiros Socorros


Cuida bem de mim
Pra que este meu amor que ainda tateia se firme
E eu queira te querer mais
Cuida para que meus olhos não se percam dos teus
Não se perdendo dos meus
E brinca comigo
Na cama no sol no cinema
Nas ruas da vida do mundo sem fim
Mas principalmente na cama:
Dorme com as minhas histórias
Fica comigo encaixada
E se prepare pra noites a fio acordada
Porque é daí que vem minha paixão

Me faça rir que a vida é debochada
Nao tenha pressa queu não vou a lado algum
Mas cuida
Pra que meus pés nao fiquem nervosos
Pra que teu cheiro não desgrude de mim
Me mostra quem você é
Pra queu saiba ser quem você quer
Me enrole não
Que de enrolação eu sou mestre

E fique apenas se quiser
Porque eu quero muito
E saiba queu já sou assim
Apaixonado
Alucinado
Doméstico, selvagem
Volátil e Tarado
Enciumado de você

Se grude em mim e me deixe ir
E cuida
Que eu sou afim de ficar

domingo, agosto 29, 2004

Love can stop the fear (ou meus agradecimentos e vamos em frente que atrás vem gente)


As vezes eu penso que este amor não tem sentido
Um amor que me deixa inseguro
Não tem futuro
Um amor que tem medo
Morre cedo
Um amor que cobra ser correspondido
Está fodido

(Sofrer de amor é foda
E está fora de moda)

Um amor que tem medo de perder
Está prestes a morrer
Um amor que sabe pouco deste amor
Está louco e sente dor
Um amor que se cuida e se comporta
Mais cedo ou mais tarde roda

Então foda-se
O medo pode acabar com o meu amor
Mas amar pode acabar com o medo.

sexta-feira, agosto 27, 2004

...


Tres meses. E não era nem pra ser Trajana. Era pra ser nem sei, tinha outro nome, tava pensando em falar da minha solidão, voltar a escrever um pouco, me comunicar com a minha irmã, falar de outras coisas, de espiritualidade, sei lá. Pai nosso que estais no céu, porque ninguém que valha a pena, porque ninguém que me apareça que eu queira, que me queira? Fazia tempos que um amor não dava as caras. E eu na caverna, e eu muito sério. E de repente Riberta. E parece brincadeira, virou uma história de amor. A mais séria da minha vida. Muito cuidado com o que você pede. No dia dos namorados, 11 de junho, foi assim: enlouqueci. E só Riberta e só Riberta e aí virou Trajana e eu que não tinha a mínima idéia do que seria isto, pois de repente tantos poemas, e junto tanta gente boa, e links e comentários. O cara de um tema só. Há tempos queu não lia tanto. E tanta coisa bonita. Mas agora eu tenho medo. E a despeito de poemas emocionados e elegias, eu sofro. Sofro porque tenho medo. Dela não corresponder. Disto passar. Dela atravessar a rua. De eu não ser capaz. Sofro de medo de sofrer. Passei a me preocupar. Se sou bonito o suficiente, se atraente, se trepo bem, se ganho o suficiente, se ela gosta. Passei a me desdobrar. A me comparar. E a ter ciúmes. Depois de tanto tempo e de tanta idade, um amor adolescente. E de repente não consigo nem mais trabalhar, porque só penso nela em obsessão. E milhões de poemas e idéias e presentes, e trabalho menos ainda e bem menos tempo, porque agora também leio, visito, comento e tenho um blog. Isto não vai dar certo.

domingo, agosto 22, 2004

...e Rendição


No mundo de todos os olhos
Faltam dois
Eu os tirei do mundo
E os fiz só meus
E agora só vejo o mundo
Que existe nos olhos teus

quinta-feira, agosto 19, 2004

Captura


Sonhar
Com o que teus olhos buscam
Não me é nada
Teus olhos buscam um sonho
Uma surpresa
Teus olhos não buscam nada
E surpresa!
Já são meus
Os olhos que te buscam

domingo, agosto 15, 2004

Armadilha


Porque não consigo
Fixar meu olhar
É que mais tento fugir
Pois se me distraio
Por um instante sequer
Fico preso em seus olhos
E sou capaz de te amar

quinta-feira, agosto 12, 2004

...

Você adorou a surpresa e eu adorei meu fim de semana. É justo. Estas coisas tem sempre uma ligação secreta. E eu precisava dizer, da minha maneira, o quanto você tem sido importante, o quanto tem sido legal estar com você e etc.

E depois, você mesmo me falou da teoria: tem sempre alguém de olho. Então melhor fazer as coisas direitinho, meus planos são ambiciosos e não quero que falhem, vai que deixo alguma coisa a desejar e ponho tudo a perder...rsrsrs...

Bom, já tô cantando o samba do avião e tô voltando, primeirão da fila e nariz pronto pra sentir o cheirinho de maresia já da escada do avião, taí outro prazer que só quem vem pra cá toda semana é capaz de antecipar - você não tem idéia do prazer que isto me dá.

domingo, agosto 08, 2004

Mas então voltei...


...E depois de toda ausência
Fiz um amor lindo
Beijei a estrela até virar nova
E fui beijado até ser de novo
Eu
E enquanto a tocava
E me tocava
Subíamos juntos
Para nos encontrar lá dentro
Lá onde o mundo nasce
E faz a curva
Onde tudo turva
Viramos sóis.

terça-feira, agosto 03, 2004

Uma fungada de cangote e uma garrafa de scotch


Hoje vou aproveitar a distância e não falo do meu amor. Vou falar dela e pra ela. Porque é verdade, eu admito. Mesmo apaixonado, imerso até as mitocôndrias neste estado de urgência e atenção, tenho ido visita-la quase todo dia. Explícita ou sorrateiramente, com melhores ou piores intenções. E eu sempre trago algo, tem sempre alguma coisa queu preciso, que me prende, que me acorda. E aí ela falou da minha saudade. E eu não sei retribuir, não depois do tanto queu li dela e sobre ela. Pois saiba então, rachel, que tuas palavras me vem tão galopantes, mas tão galopantes, que eu nem sempre entendo tudo; elas me atropelam, me provocam, e eu gosto. Como se quem me apertasse o gatilho não conhecesse o perigo da munição. Gostar? Meus mais inofensivos desejos são poemas a quem me é bonito; Meus desejos delinquentes eu não digo. Eles são muito transparentes.

sexta-feira, julho 30, 2004

...E San Francisco também

  
Hoje parece que não sai nada
é pena
podia escrever um poema
e dormir menos triste
talvez até menos amargo
talvez até tomasse um trago
numa das esquinas de sonho
      (Pois cada esquina não tem um bar?)
mas não bebo
e se escrevo é que não tenho onde enfiar
      A solidão é vadia
      vicia meu coração
tenho o vício solitário
e as mãos cheias de emoção
todas as meninas com que sonho
todas as meninas são você
todas as meninas queu encontro
Nenhuma das meninas é você
sucumbo à tentação todas as noites
quase enlouqueço
e me entorpeço
mas não cedo
e se escrevo é que não tenho onde meter.

segunda-feira, julho 26, 2004

Chicago is too far

     
Saudade é um pássaro preto bem preto que vem todo dia com o bico amarrado me visitar. Saudade é seu nome e seu bico amarrado me lembra das vezes em que me calei, seu bico algemado apertado colado me lembra das bocas que já beijei.

Saudade é de espécie que cresce e não voa distâncias na ânsia de procriar, mas nasceu de rapina e sua sina é crescer e bicar com seu bico amarrado os coitados que tentam amar, é mexer na ferida roída mordida doída e deixar sangrar.

Saudade revoa de bico fechado jogando em dois lados sem nada mostrar, afinal que pássaro a toa iria falar do que sentem da gente as pessoas que achamos pra amar?

Saudade não sabe, mas todos querem mata-la, e se ao menos dissesse, se ao menos nos desse alguma pista que fosse, mas não, saudade emudece, saudade é uma ave malvada que come calada pedaços de coração.

quinta-feira, julho 22, 2004

segunda-feira, julho 19, 2004

Promessa é dívida

   
Minha tulipa, porque será que desde que te deixei em casa no domingo (já tecnicamente uma segunda-feira) não pára de chover? Onde está o sol, onde está o céu? Chove no país inteiro, estamos todos tristes, precisamos urgentemente mudar isto. E a simpatia pra isto é a seguinte: você passar um fim de semana inteirinho na minha casa, o próximo, obviamente juntos. É garantia de sol, a alegria invade, minha cama volta a ser o que eu já tinha me esquecido que podia ser, meu sorriso e meu corpo voltarão a se agitar.
 
E eu, é claro, ronronarei e me espreguiçarei como gato que sou, e te darei mil lambidas e mordidas, e te encaixarei nos meus braços, nos meus ombros, no meu ventre, no meu corpo enfim e te dormirei em cima e te dormirei embaixo e ficaremos de pés dados (e porque não tomar uns banhos vendo o mar?) e você não precisará mais murmurar dormindo "não me deixa sozinha não" porque vai ser difícil eu te deixar, isto vai contra o meu querer.

sexta-feira, julho 16, 2004

Ah é?

     
Em resumo
Eu já sei como te encontrar
É não te esperar
Esquecer de você
Sumir
Pra quando te encontrar
Ser assim:
Surpresa e desejo.

domingo, julho 11, 2004

Fortaleza


Minha bonitinha do sorriso lindo e da pele dourada
Por você dispersei um exército inteiro de amazonas
E enfrentaria sozinho todo e qualquer jiujitsu de coleirinha de prata
(Contanto, é claro, tivesse você em mim engatada)

Minha moreninha da barriguinha sarada
Por você me tornei um pitbull que morde a dona
Mas só de leve, no pescoço e nas entrecoxas
E tendo minha arma enrijecida em teus lábios
Não temerei mais ninguém nem nada

Que venham os gregos, os baianos, os romanos,
Que venha quem quiser, homem ou mulher
Agora eu sei de novo o meu querer
E seguirei em frente protegido
Tendo meu deus como escudo
E sempre bebendo do teu suco
A minha mágica poção

sexta-feira, julho 09, 2004

O passado a limpo


Ah! E nem vou deixar de fazer o que quero
Não agora que a conheci
(mas e se ela não quiser, se não gostar, se complicar?)
Não me importa, agora vou fundo, vou bonito
Fiquei a fim de me apaixonar
Não vejo o menor nexo
Até acho graça se tentar entender
Não quero.
Você não iria ficar comigo
Nem eu com você.
Somos tão parecidos
Que não sei qual machuca mais
Se o seu tempo ou o meu vento
Ou qualquer coisa assim.

segunda-feira, julho 05, 2004

Impregnância (Primeira e ainda incerta aparição da bolação)


Gosto de segurar minhas vontades mais urgentes
Explora-las lenta e cuidadosamente
Mergulhar devagar num sorriso como o seu
E te dizer sou teu
Sentir tua língua
Sentir teus lábios
Sentir teus poros
A tua mão entrando nos meus bolsos

Gosto de te ver entrando em minha vida
E nada me faria mais feliz
Se de repente não me voltasse à vida uma outra vida
Que me diz não vai não vem não tem
Quero imergir e esquecer dos meus problemas
Eu que há tempos me alimento de sombras
Titubeio agora ao ver a luz

Me assombram pessoas
Me assombram fatos
Me assombram fetos
Me assombro eu a mim mesmo com o que faço
As soluções e confusões que trago em mim
Meu Deus e meu diabo
Meu sexo e minha solidão
Carinho e amargura
Sombras e luzes
E teu sorriso na escuridão

Minha vida é uma vertente de coisas boas e esperanças
De raízes que não cresceram
De vitórias sem festas
De saudades do que não tive
De ter tudo e não ver graça
Até de repente ter você

E eu sigo me perguntando de qual de mim desgosto mais
Se daquele que sempre escapa por um triz
Ou do que se coloca em hora errada
Em roubadas que não me deixam ser feliz

domingo, julho 04, 2004

Simplicidades


As vezes são poucas as coisas
Pra nos fazer felizes
Uma lua que nasce
A felicidade dos outros
Um certo olhar
E beijos de Riberta

quarta-feira, junho 30, 2004

Que São Paulo que nada


Saio voado pro aeroporto, cheques, decisões, mandos e desmandos, reuniões, agravos, desagravos, fica tudo prá semana, acabou o trimestre, Rilson está em ritmo de amor-novo, quer ver o sol, o céu, sentir a maresia na saída do avião, andar de bike, tomar banho vendo o mar, virar criança, ir passear...

segunda-feira, junho 28, 2004

Conversão pós-fim de semana


Que me desculpem as louras agora
Mas ser morena é ser fundamental
O dourado já era
Dum dia pro outro ficou demodé
Mesmo que real lisinho
ou mesmo de farmácia com chapinha
Agora ferrou tudo
A nata agora é ser morena do sorriso claro
Como claros são os jambos olhos de Riberta

quinta-feira, junho 24, 2004

Agora já sei porque


Chega de pajear e vamos pro prazer
Você é envolvente e me fez gostar da sua companhia
Estes olhinhos espertos
Um sorriso que derruba
Gostei de te dar uns beijinhos
Mordiscar de leve os cabelos da nuca
Guiar tua cabeça num exercício pro futuro
E te encostar
Os instintos seguindo seu curso
Tuas mãos nos meus bolsos
E abraços de urso

segunda-feira, junho 21, 2004

Explicação do Blog


Como passei a ve-la em todo canto
Resolvi então fazer um blog pra Riberta
(-Mas se eu nem dormi com a moça ainda, criar um blog!!)
Mas o que faria então se meu imaginário me povoa de poemas
E imagino olhares
Revisito fotos
Redescubro frases
Vivo vendo textos imagens e ação?

Já prevejo assim dezenas os poemas
Frases que eu lapido sem pensar
Imagino a moça nua enquanto viro a esquina
Seu sorriso me distrai enquanto estou no mar
Sempre saio pra surfar fim de semana
E no meio de orações aos borbotões
A luz emana
E fico lá te cultivando horas

terça-feira, junho 15, 2004

Contato


Bati no olho de Riberta assim que a vi
E me alinhei como um planeta gravitando
O vento batendo e eu só te vendo
de sainha e sandalinha andando pelas pedras
(os pés-de-pato, bonitinha
será que está sozinha, será que deu contato?)
E me fingi estar ali sem te querer mas já querendo

Era dia feriado
Mês dos namorados
A rua cheia de perigos
Na praia cerveja e risos
No buzim o burburim
Quis te beijar no guapoloco
E ri de mim
(Ou chorei, nem sei)
Foi nem por pouco
Mas foi bom
Passei a escrever
Nunca mais dormi
Voltei ser eu de novo

quarta-feira, junho 02, 2004

Antes da Tempestade (sobre poema de Magda Almovodar)


É noite ainda e estou acordadão
Meio sonado meio sonâmbulo meio tristonho
A chuva lá fora brilha
Olho o teto o morro a cidade e a janela
Os pingos e as luzes
Mas não vejo meus sonhos nem sinto o peso de um braço

(Tive um há poucas horas
Mas não me preocupei tanto como Magda em não acordá-la
Era sexo mas muito mais amizade e eu tinha mais o que fazer)

Não me espreguiçarei (embora tenha vontade) para que não se espante este meu sono raro
E penso nos vestígios da noite passada
Sentado ainda pelado na minha Giroflex

Olho a minha cama, o meu colchão no chão
E só sei que não sei em quem repousarei depois do amor
Porque faz tempo um amor não dá as caras
Não daqueles que deixem no meu pau um cheiro bom de ficar cheirando
Como os do passado, os que eu me lembro bem
Os que me faziam dormir pesado e saciado
Totalmente encaixado
E me masturbar lembrando

Saio do quarto e preparo um café para dormir
Sem pão, sem porra nenhuma
Não vou mais tomar banho
(tomei um mais cedo
me ensaboaram, massagearam, foi gostoso mas dejá vu )
E como mesmo no quarto
Sem bandeja
De frente pro laptop

No espelho do armário me olho de novo, nu
Me acaricio levemente
E penso que devo aparar os pentelhos (sic)
Observo os músculos definidos de minhas coxas
O meu membro pendurado
E uma barriguinha que só eu vejo mas me incomoda
Já fui bem mais poderoso
Acho que estou ficando um bundão
Onde a mulher linda e saborosa que deveria estar ali deitada,
Dormindo pesado
E eu ali em pé, de pé, alerta, masculino, felino, faminto?

Os meus recentes passeios eróticos tem sido quando muito, burocráticos
Aos meus lugares exóticos tenho ido eu e meu laptop...

quarta-feira, maio 26, 2004

Primeiras instruções


Interessante é viver. Olhar as coisas por várias lentes, saber que o sol nasce pra todos, acreditar em Deus e em todas as coisas, respirar, suspirar, ter dor de dente.

Interessante é olhar o caminho, as bifurcações, as coincidências. Algumas coisas são de um jeito, outras de outros jeitos, e vamos sendo levados, meio que à revelia, parece que vamos por que queremos, mas há uma corrente invisível, somos todos acorrentados e mais cedo ou mais tarde ninguém escapa, seja do destino ou do imposto de renda, a vida dá sempre um jeito.

E depois, vem as coisas que queremos (ou achamos que queremos). Nem sempre elas estão por aí, ou não encontramos ainda a prateleira, ou o estoque acabou e a última peça foi pra alguém que sabemos não sabe o valor ou fará mal uso, nosso desejo é sempre mais complicado.

Por último, sobre certos sorrisos e olhares. Tome sempre muito cuidado. A gente nunca sabe mesmo o que pode acontecer.