terça-feira, dezembro 21, 2004

Parada Estratégica


Já pensei um dia em ser escritor. Mas tirei cedo da cabeça, só conseguia escrever bem se estivesse triste, sofrendo mesmo, ou então vivendo constantemente num certo estado de nostalgia melancólica que era minha especialidade lá nos meus vinte anos. Quanta tristeza!! Fazia poemas bonitos, lacrimejava, me apaixonava pela própria paixão, sofria pra burro. E como burro não era, concluí logo o óbvio: melhor viver alegre sem escrever que ser um poeta triste.

E lá foi Rilson, ser engenheiro na vida. Um poema aqui, outro ali, como arma secreta ou válvula de escape, e a vida, uma sucessão de planos e cronogramas estratégicos, de quotas e planilhas, e há sempre um trimestre a terminar, um avião a pegar, e sempre um novo porto, uma nova cama, uma nova mulher ou a solidão e a tv mas nenhum lugar realmente prá voltar, e se vai ficando e se vai vivendo, a vida é boa, mas nada que te encante a escrever.

Conhecer Riberta me colocou de novo a caneta na mão e me trouxe uma nova perspectiva. Escrever por paixão. Por tesão. Por declaração. Pra conquistar. Pra desabafar. Pra me mostrar. Por não conseguir ficar quieto, poemas e orações aos borbotões. E um pé forte e concreto no futuro, uma vontade de voltar sempre, construir algo, preservar, ir em frente. Idéiafix. Mas, corolário de toda paixão, e já falei disto levemente antes, tem agora ultimamente vindo o medo e a frustração, o desabafo, um descontentamento, um sofrimento. A paixão que se transforma, porque a vida continua sendo real. E olhando pra trás posso dizer que Trajana tem sido o relato fiel mas filtrado de uma paixão. Vocês tem lido o bom, o gostoso, o tesão. Mas tem também os diários secretos de Trajana, aqueles queu nunca escrevi. Agora eles estão vindo, por isto ando calado, não sei por quanto tempo. Não quero de novo escrever sobre tristezas, mas ando bem vivendo o reverso da moeda.

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